De tudo um pouco...

Do que tenho lido, do que tenho vivido, de coisas sem importância, de coisas sérias, enfim...

1.8.06

Pequenos na guerra!


"Meu filho não vai à guerra"

Hoje me peguei olhando atentamente o meu menino.
Seu aniversário está próximo, ainda essa semana, no Dia da Criança.
Ele sempre se ressentiu da data, por conta dos brinquedos a menos que recebeu de presente.
Talvez nunca houvesse reparado na beleza da data e em seu significado.
Criança quer logo deixar de sê-lo, quer crescer, conhecer, explorar, definir, identificar.
Meu menino é brasileiro.
Está aqui comigo, seguro, não é guerrilheiro.
Dorme em boa cama, come boa comida, em hora certa, não passa frio, nem medo, nem dor.
E, por conseguinte, eu sou feliz.
Ele está aqui.
Eu estou aqui, com as asas sempre prontas a abrigá-lo.
Ninguém veio armá-lo e levá-lo de mim.
Não há minas, não há ogivas, não há cansaço.
Não há feridas, não há balas, não há mortes.
Ele estuda, brinca, sonha.
Ele tem futuro, ao menos pensa que tem.
Meu menino não vai à guerra.
Não terá que lutar por paz.
Não terá que temer a vez.
Não terá que rezar a sós.
Não terá que perder a luz.
Não terá que saber o triz.
Meu menino não vai à guerra.
E eu me envergonho desse sentimento.
Sentir alívio.É por acaso.
Podia ser aqui.
Podia ser o meu.
Podia ser o seu.
Meu menino não vai à guerra, mas outros meninos irão.
Pagarão por pecados que nem sabem a razão de cometê-los.
Brincarão de soldados num tabuleiro de xadrez com peças cruéis.
Jogarão videogame no campo inimigo, mas só com uma vida - a deles.
Derrubarão alvos humanos, de outros meninos, seus irmãos.
E eu não estarei lá para protegê-los.
E eu não darei abrigo.
E eu não afagarei seus cabelos.
Nem segurarei suas mãos no momento final.
Então, só me resta chorar por todos os meninos." Lillian Maial

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